Experiências e memórias. A fórmula para vivermos mais.
A verdadeira longevidade vai muito além de dietas e exercícios. Simples momentos de convivência podem aumentar sua expectativa de vida.
Toda quinta-feira, há mais ou menos 15 anos, eu encontro os meus melhores amigos, amigos de infância. Nos vemos para rir, conversar sobre muitas e quaisquer coisas e, às vezes, saímos apenas para dançar. Não é um compromisso formal, não tem convite, planejamento elaborado ou justificativa. A gente simplesmente vai.
Semana após semana. Ano após ano. E só há alguns anos que eu percebi o real significado disso.
Enquanto muitos veem momentos assim como algo trivial, sem importância, a ciência está começando a comprovar que talvez essa seja uma das fórmulas para viver mais e melhor.
A Conexão Social Pode Ser a Nova Fonte da Juventude
No documentário da Netflix “Zonas Azuis: Como Viver até os 100 Anos”, o pesquisador Dan Buettner viajou para estudar lugares do mundo onde existem uma grande concentração de pessoas centenárias ou perto dos 100 anos.
E sabe o que ele descobriu?
Que não era apenas sobre alimentação balanceada ou exercícios físicos. Os centenários mais saudáveis do mundo compartilham também um outro fator em comum: uma forte rede social.
Eles vivem em comunidades onde as conexões interpessoais são parte do dia a dia. Eles se encontram regularmente, compartilham refeições, cantam, dançam, celebram.
Eles vivem juntos. E isso não é coincidência.
O que Buettner descobriu nas chamadas "Zonas Azuis" - locais onde as pessoas não só atingem a idade avançada, mas fazem isso com qualidade de vida - é que, além de fatores como alimentação saudável e atividades físicas, as conexões genuínas entre as pessoas são uma fundamental fonte de longevidade. Isso ocorre porque, em um ambiente onde a interação social é parte do cotidiano, o apoio mútuo se torna um fator crucial para o bem-estar.
Na mandala exibida no final da série documental, ele resume o que há de comum às zonas azuis e o que faz essa população ter uma expectativa de vida maior do que as demais, quase como uma receita de bolo que todos nós deveríamos seguir. São quatro blocos essenciais:
Movimentação
Perspectiva
Dieta
Conexão
No bloco da conexão, os três elementos são basicamente o que chamamos de saúde social, ou seja, quem tem familiares, amigos e a sua tribo por perto, vive mais.
Conexões Sociais e a Saúde Mental
No SXSW 2025, a cientista social Kasley Killam trouxe um alerta importante:
Saúde social não é um capricho, mas um pilar essencial da saúde mental.
O isolamento social — agravado pelo trabalho remoto e pela digitalização das relações potencializada após a pandemia — está afetando nossa saúde de forma silenciosa. Conversas olho no olho estão sendo substituídas por mensagens de voz aceleradas ou transcritas. Emojis estão tomando o lugar do toque, da presença, da troca genuína.
Esse "afastamento virtual", que parece inofensivo à primeira vista, tem impactos profundos. Estudos demonstram que o isolamento social pode ser tão prejudicial quanto fumar 15 cigarros por dia. É uma metáfora poderosa, porque ilustra como o afastamento social pode afetar a nossa saúde de maneira devastadora. Esse "silêncio social" diminui a qualidade de vida, afeta nossas emoções e até mesmo nossas funções cognitivas.
Ao mesmo tempo, fortalecer a rede de contatos, se conectar mais profundamente com os outros e participar ativamente de eventos sociais se provou um antídoto para esse mal.
Uma Fórmula para Viver Mais e Melhor
E é aqui que entra o poder do evenculturismo. Talvez você tenha se perguntado: Como festas, shows e encontros podem impactar a minha saúde?
A resposta é mais simples do que parece: eles ativam regiões do cérebro ligadas ao prazer, à felicidade e ao vínculo social. Em um estudo conduzido pela O2 e pela Goldsmiths - University of London - pesquisa de 2018 que repercutiu nos primeiros meses desse ano - algo surpreendente foi descoberto:
Frequentar eventos ao vivo regularmente pode aumentar a expectativa de vida em até 9 anos.
Essa descoberta é um divisor de águas. Frequentar shows, festivais, encontros e eventos não é apenas sobre diversão é sobre exalar felicidade. Sua sensação de pertencimento e propósito cresce — e esses fatores contribuem diretamente para um maior bem-estar emocional e físico.
Acontece que, durante esses momentos de interação social intensa, não estamos apenas nos distraindo ou "passando o tempo". Estamos ativando sistemas biológicos que nos ajudam a reduzir o estresse, melhorar a imunidade e fortalecer o nosso senso de propósito. Ao fazer isso, criamos um ciclo positivo que, com o tempo, contribui para a longevidade.
O que vivemos nos eventos é uma necessidade biológica. No fundo, nosso cérebro e corpo foram projetados para viver experiências coletivas, para criar laços e experimentar a vida de forma genuína e imersiva. Nós somos seres sociais.
As experiências ao vivo nos dão liberdade, nos aproximam de outras pessoas (fazemos novas amizades) e nos fazem ter histórias para o resto de nossas vidas.
A Vida não se mede em anos, mas em experiências
A busca por dietas, exercícios e medicamentos são comuns a quem quer viver mais. Mas talvez a verdadeira longevidade não esteja apenas no tempo que temos, e sim no que fazemos com ele. O tempo pode passar rápido ou devagar. A diferença está em como você vive.
E se a ciência está certa, talvez a verdadeira longevidade não esteja em viver mais tempo. Mas em criar momentos que nunca desaparecem.
O Pilar da Longevidade
Fortalecer sua rede e criar momentos autênticos de conexão é o hack para uma vida mais longa e com mais qualidade. A verdadeira longevidade está em como você escolhe viver cada momento, em como você constrói as relações ao seu redor e como compartilha momentos com aqueles que importam.
O que você está disposto a mudar na sua rotina para começar a viver mais e melhor? O que está em suas mãos agora para tomar decisões que impactem positivamente sua saúde, felicidade e longevidade?
No fim, o tempo que você investe em momentos significativos é o que realmente vai definir o quanto você viverá bem. E você não quer esperar até que seja tarde demais.
Agora é a hora! Crie novas memórias, fortaleça suas conexões e sinta-se mais vivo do que nunca. A vida é ao vivo!
Isso só me ajuda a entender melhor como a diversão e o coletivo é essencial para nossa vivência. Eu não tenho apenas lembranças de festivais e eventos, mas histórias vividas sempre com as melhores companhias.
Muito maneiro! Aqui eu tomei distraído: "O que vivemos nos eventos é uma necessidade biológica."